Mulher de fé, Ezenidete Neves venceu muitas barreiras

11/10/2021 12:00 609 visualizações

Foram 27 anos de trabalho como servidora concursada do Poder Judiciário de Mato Grosso do Sul, mais 9 anos prestando serviços na extinta Justiça Comunitária. Aposentada desde 2009, Ezenidete Neves passou no concurso do TJMS em 1982, ao 29 anos. De lá pra cá, a rio-pardense precisou enfrentar inúmeros desafios, sendo o último deles um câncer de mama. Em todos, porém, ela sempre se manteve resiliente e com a fé em Deus inabalada.

“Sou uma mulher cristã. Todas as vezes que me sinto enfraquecida, me agarro a Deus e sigo em frente. E quando preciso espairecer, viajo para o Nordeste. Amo praia. Conheço todo o Rio Grande do Norte. Por isso eu sempre digo que Deus e o mar curam tudo”, brinca Ezenidete.

Essa forte mulher conta que sempre foi apaixonada pelo Direito, mas por diversos motivos acabou ingressando no curso de Assistência Social da antiga FUCMT. Porém não chegou a concluí-lo. Faltando apenas um ano para se formar, Ezenidete se casou e se viu obrigada a deixar a faculdade.

Os caminhos da vida, ou de Deus, contudo, levaram-na para perto do sonhado Direito. A jovem conseguiu um emprego no Cartório Extrajudicial do 3º Ofício, e foi trabalhando lá que uma colega sugeriu que ambas prestassem o concurso do TJMS. Como não tinha dinheiro para a inscrição, a amiga pagou para ela. Assim, em 1982, Ezenidete tornou-se servidora do Poder Judiciário.

“Eu comecei a trabalhar em uma seção de datilografia. A gente fazia os acórdãos do Tribunal. Eram cerca de 8 ou 9 folhas datilografadas, tudo no carbono. Se cometesse um erro, tinha que apagar folha por folha. Com o tempo veio a máquina de escrever. Depois, a máquina fotocopiadora. Aí fazíamos uma via, era corrigida, e então tirávamos 9 cópias”, relata.

Depois de um tempo no setor, veio o convite para ir para a Seção de Transportes, local onde nenhuma mulher trabalhara até então. “No começo fiquei meio tensa, mas os meninos me respeitavam muito e me tratavam sempre bem. Até substituía o chefe, quando ele saía de férias. Acabou sendo uma experiência muito válida”.

Conforme narra ainda Ezenidete, quando o Desembargador Milton Malulei assumiu a Presidência do Tribunal em 1991, ele decidiu dar uma oportunidade às pessoas que constantemente realizavam as substituições de chefia nos setores, oferecendo cargos de comando a elas. Foi assim que ela recebeu o convite para chefiar a extinta Seção de Obrigações.

“Era um setor que lidava com as consignações da Caixa Econômica, as pensões alimentícias no holerite, os contratos de CLT. Eram muitos números, muitos cálculos”, explica.

Foi nesse cargo que Ezenidete aposentou-se em 2009. Sua saída deveu-se a questões pessoais que a forçaram a tomar essa decisão. “Nessa época eu me divorciei. Como tive minhas filhas tarde, elas tinham 10 e 7 anos de idade durante a separação. Como me vi sozinha para criar minhas filhas, achei melhor aposentar e me dedicar a elas”.

E a fé na vida, mais uma vez, providenciou uma reviravolta feliz para Ezenidete. Ela foi escolhida para ser agente da Justiça Comunitária, braço do TJMS que capacitava cidadãos de várias regiões da cidade para atuarem como mediadores de conflitos e orientadores nos bairros onde moravam.

“Éramos um grupo de 14 ou 15 pessoas escolhidas na comunidade Novos Estados. Fazíamos acordo de pensão alimentícia que eram levados para homologação na Itinerante, solicitávamos exames de DNA, dávamos orientações sobre onde ir ou simplesmente conversávamos com as pessoas. Era um atendimento muito humanizado. Eu me encontrei novamente na Justiça Comunitária”.

Depois de transpor tantos obstáculos, a aposentada não imaginava que ainda enfrentaria a maior adversidade da sua vida. “Fui diagnosticada com câncer na mama e também possíveis tumores nos linfonodos do braço. Eu desabei quando peguei o resultado do exame, mas logo disse pra mim mesma que não precisava ficar com medo porque meu Deus é maior que qualquer doença. Então, com Ele e o apoio da minha família, decidi vencer esse desafio”.

A mulher de 67 anos submeteu-se ao tratamento. Foi uma cirurgia, 6 meses de quimioterapia e 1 mês de radioterapia. “O que me ajudou também foi o nascimento de meu neto quando eu estava com 15 dias de operada. Ele me deu forças para combater a doença”.

E finaliza com otimismo: “Agora, estou curada. Meu neto já fez 1 ano e estou contando os dias para voltar a viajar para o Nordeste. Não vejo a hora de me encontrar com o mar de novo”.

Autor da notícia: Secretaria de Comunicação - imprensa@tjms.jus.br